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Professora de química que gosta de utilizar as Tecnologias de Informação e Comincação como ferramenta pedagógica.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Chocolate

Simplesmente divino! Por: Maria Ramos

Se você é louco por chocolate e sempre achou que ele só podia ser mesmo divino, saiba que você não é o único. Em mais de dois mil anos de história, o chocolate foi por muito tempo considerado sagrado por sociedades antigas do México e da América Central.

Ilustração: Barbara Mello
Foram povos primitivos dessa região que descobriram que as sementes de cacau poderiam ser amassadas e transformadas em uma bebida deliciosa, o tchocolatl. Quer dizer, deliciosa para eles, porque os europeus quando chegaram à América, no final do século XV, não gostaram nem um pouquinho daquela bebida amarga, gordurosa e... picante! O chocolate daquele tempo era muito diferente do que conhecemos hoje: não levava açúcar e ainda era misturado à pimenta e outros temperos fortes.

Mas se os europeus, a princípio, não gostaram muito do tal tchocolatl, para os astecas, civilização altamente organizada que habitava o México desde o século XIV, ele era um presente divino. Mais precisamente de Quetzalcoatl, deus da sabedoria e do conhecimento.

Os astecas acreditavam que essa divindade havia trazido do céu as sementes de cacau e, por isso, festejavam as colheitas com rituais cruéis de sacrifícios humanos. Para completar a cena, que mais parece ter saído de um filme de horror, eles ainda ofereciam às vítimas taças de chocolate!

Muito tempo depois, já no século XVIII, o botânico sueco Carlos Lineu, inspirado por essas histórias e pelo sabor do chocolate, batizou a árvore do cacau de Theobroma cacao, que, em grego, quer dizer alimento divino. Mas as curiosidades sobre o chocolate não param por aí.

Tudo começou...

Ninguém sabe ao certo quem inventou o chocolate. É sabido, no entanto, que, muito antes dos astecas, a civilização Maia do Período Clássico (250-900 d.C.) já o conhecia. O Império Maia ocupava o território onde atualmente encontra-se a Guatemala, parte leste do Honduras, Belize e sul do México. Era uma sociedade muito desenvolvida, que tinha como atividade econômica básica a agricultura e conhecia técnicas avançadas de irrigação.

Os maias plantavam o cacau, colhiam, torravam as sementes e as transformavam em uma pasta, que depois era misturada à água, pimenta, cereais e outros ingredientes. O resultado era uma bebida fria e espumante, apreciada particularmente pela realeza, embora muitas pessoas também a consumissem, pelo menos de vez em quando.

Devido à importância social e religiosa do chocolate, as sementes de cacau eram consideradas muito valiosas, tanto que passaram a ser usadas como dinheiro. Um coelho, por exemplo, podia ser comprado por umas poucas sementinhas. Quando dominou boa parte da América Central, por volta de 1400, o Império Asteca frequentemente exigia que a população e povos dominados pagassem impostos em sementes de cacau.

Terra à vista!

No ano de 1519, chegou à América um navegador espanhol chamado Hernán Cortez. E, para sua surpresa, o Imperador Montezuma dos astecas o recebeu cordialmente. É porque, segundo o calendário asteca, aquele era justamente o ano em o deus Quetzacoatl tinha prometido voltar. Você já deve ter imaginado a confusão: Montezuma pensou que Cortez fosse a reencarnação de Quetzacoatl. Afinal, o imperador era fã do tchocoatl – dizem que chegava a beber até 50 garrafas da bebida por dia!

Ilustração: Barbara Mello
Montezuma rapidamente presenteou Cortez com taças de tchocoatl e uma plantação de cacau. E o explorador espanhol, apesar de não ter gostado muito da bebida, logo percebeu que as sementes de cacau valiam ouro. De verdade! Enquanto os grãos de cacau eram uma espécie de moeda local, o ouro não era um metal valorizado pelos astecas.

Mas Cortez não ficou satisfeito apenas com as lucrativas trocas comerciais e, um ano depois, respondeu com traição à forma simpática com que o povo asteca o acolhera. Ajudado por uma epidemia de varíola, doença que trouxera para as Américas junto com suas tropas, derrotou os exércitos astecas, matando o imperador Montezuma e seu sucessor.

Ao voltar para a Europa, em 1528, Cortez levou consigo sementes de cacau e apresentou o chocolate ao rei Carlos V, da Espanha. Pensando nas vantagens comerciais que aquela bebida exótica poderia trazer, eles estabeleceram plantações em ilhas tropicais conquistadas pela Espanha, como Trinidad e Haiti, na América Central, e ilha de Fernando Pó (atualmente Bioko), na Guiné Equatorial, na África Ocidental. Aliás, hoje, mais da metade da produção mundial de cacau vem de países africanos.

O segredo dos monges

Na Europa, o chocolate se espalhou entre a família real e os nobres da corte espanhola. Para atenuar o seu sabor, eles diminuíram a quantidade de tempero que os astecas usavam e passaram a adicionar mel. Já o rei Carlos V tinha o hábito de tomar o chocolate com açúcar.

Para garantir a exclusividade da receita, os espanhóis confiaram o segredo apenas aos monges. Assim, as cozinhas dos mosteiros viraram locais de experiência para o aperfeiçoamento do chocolate e a criação de novas receitas. Por quase um século, a Espanha foi a única a produzir o chocolate, que se tornou artigo de luxo. Enquanto os nobres o degustavam nos salões, os religiosos foram autorizados a consumi-lo sem que isso representasse quebra de jejum.

Em meados dos século XVII, entretanto, começaram a vazar as primeiras informações sobre o chocolate. Os monges permitiam que visitantes de outros países provassem a bebida, e marinheiros capturavam barcos espanhóis carregados com sementes de cacau. Rapidamente, espalharam-se plantações de cacau pela Europa.

Mas foi somente no século XIX que o chocolate se popularizou. Em 1825, o inventor Coenrad Van Houten criou uma prensa que permitia separar o licor da manteiga de cacau. Com o licor, criou-se um chocolate em pó de melhor qualidade e com a manteiga – adivinhe! – fizeram o primeiro chocolate em barra.

Fonte: Site Site da Fiocruz.br (Para acessar  clique aqui)